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As eleições autárquicas consagraram a vitória da esquerda em França. Como interpreta este resultado ? |
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Trata-se de um aviso sério para o governo. Uma afirmação de desaprovação da sua política. O povo exprimiu-se claramente e com veemência. As promessas do governo não foram cumpridas. O poder de compra degradou-se. Graças às urnas, o povo pôde manifestar o seu descontentamento e a sua perda de confiança em relação àqueles que o governam. Aguarda iniciativas que possam melhorar a sua vida quotidiana. |
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Há tanta gente que não consegue encontrar habitação, pagar a renda, alimentar-se correctamente, arranjar trabalho! |
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Conhecemos uma direita conquistadora ao longo do Verão de 2007, não convém que a esquerda lhe siga o exemplo depois desta vitória. Pois a vitória nas eleições deve ser a vitória do povo e aproveitar ao povo. |
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Tem o sentimento de que as suas lutas (os sem-papéis, os desfavorecidos) são mais fáceis nas câmaras governadas pela esquerda? |
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Para dizer a verdade, não. Tenho experiências amargas de câmaras de esquerda que não aceitam negociações e enviam as forças da ordem para evacuarem manifestações de mal alojados. Lembro-me de um encontro com um presidente de câmara de esquerda, na sua câmara parisiense. Eu estava com o Abbé Pierre. O presidente da câmara mostrou-se intratável. |
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Mas esperemos que a esquerda saiba honrar o seu empenho na justiça social. |
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No Tibete houve conflitos violentos (os mais violentos dos últimos 20 anos). Pensa que se devem aproveitar os Jogos Olímpicos de Pequim para progredir nesta matéria? |
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O Tibete está em estado de sítio. Os tibetanos correram o risco de desafiar o poder de Pequim a poucos meses dos Jogos Olímpicos. Não lhes falta coragem nem determinação. Hoje, mais do que nunca, precisam da nossa solidariedade. |
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Pessoalmente não sou favorável ao boicote dos Jogos Olímpicos, mas tenho um sonho. Em Pequim, no coração dos Jogos, os campeões e campeãs sobem ao pódio para receberem as suas medalhas de ouro. |
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Antes vestiram uma t-shirt sobre a qual os telespectadores de todo o planeta lêem subitamente estas palavras incríveis: “Viva o Tibete livre”, “Não à pena de morte”, “Respeito pelos direitos humanos”. Que bomba isso seria! |
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Entrevista recolhida por Olivier Galzi |
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