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A equipa que trabalha neste catecismo propõe-vos todos os meses
dois textos.
Agradecemos que nos façam chegar as vossas sugestões a
fim de os melhorarmos. Gostariamos que este catecismo fosse uma elaboração
comum. Não hesitem em nos indicar outros temas.
A EUTANASIA
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- A eutanásia levanta questões particularmente delicadas,
das quais os legisladores cada vez menos poderão escapar. Como cuidar
e manter as pessoas para que a última etapa da sua vida seja digna
da condição humana? Que apoio dar, que solidariedades suscitar
que permitam àquelas e àqueles cuja saúde se degrada
continuarem a viver nas melhores condições possíveis?
- Mas também, que medidas tomar, em casos limíte, para
proteger a pessoa contra aqueles que por cansaço ou pelo atractivo
de uma herança cobiçada, desejariam apressar a morte? Situações
diversas e múltiplas, que os responsáveis do bem comum têm
que enfrentar. Sem dúvida que o
- desenvolvimento de paliativos, e tanto quanto possível ao domicílio
para não ser afastado do seu meio, constitui hoje uma contribuição
particularmente feliz. Não anula, todavia, a interrogação
fundamental que nos envolve a todos: qual é o sentido da vida, como
conservar o desejo, o gosto de viver, mesmo em condições
difíceis, dolorosas, particularmente quando a saúde física
e/ou mental se deteriora?
- A nossa época tem tendência a privilegiar a riqueza, a
beleza física, a competitividade que esmaga, os êxitos exteriores...
Ao ponto de se pensar, quando as circunstâncias se tornam mais pesadas,
que já não vale a pena viver. Mas o que é que dá
sentido à vida, o que faz com que valha a pena ser vivida, que a
relação consigo mesmo e com os outros continue a ter vigor.
Os seres humanos conservam todo o seu valor e verdade profunda , mesmo
quando a saúde se altera, quando as forças diminuem.
- A questão primordial posta pela eutanásia é, pois,
a do sentido e do gosto pela vida, da felicidade de estar vivo. Buscas
humanas e perspectivas religiosas podem neste caso completar-se e enriquecer-se
mutuamente.
- Há no entanto quem considere, com toda a consciência e
responsabilidade, que a sua existência se tornou um fardo demasiado
pesado, tanto para eles como para os seus próximos. Deverão
ser condenados, deverão ser impedidos de tomarem medidas para pôrem
fim à sua vida? Perante estes interditos, voltarão eles a
ter gosto pela vida e dar novamente sentido à sua provação?
Certamente que a sociedade terá que tomar medidas para evitar os
abusos e as intervenções indevidas sobre a vida de outrem.
- Permanece no entanto a questão crucial: pode a pessoa humana
assumir a responsabilidade pelas condições que levam a pôr
fim à sua existência terrestre e morrer? É isso contrário
à nossa fé em Deus, na sua ternura por cada um, no respeito
pela vida que nos confiou, na utilização da
- liberdade responsável que nos foi dada? Saber que se um dia
nos encontrassemos em situação de doença ou degradação
particularmente difíceis de suportar, teriamos possibilidade e direito
de pôr fim à nossa vida, iriamos por essa razão perder
o gosto pela existência e recorrer inconsideradamente a essa solução?
Pelo contrário, podemos pensar que, consciente desta possibilidade,
a pessoa terá mais desejo de viver, mesmo dificilmente, não
por ser constrangida a isso, mas por uma opção e decisão
pessoal. A liberdade é esta extraordinária capacidade de
agir de autonomamente e empenhadamente.
- Esse desejo de viver, esse apego à vida, aos outros em relações
vivificantes, não é insuflado por interditos legais, morais
ou religiosos. É de recear que, visados por estes interditos, muitos
não fazem mais que suportar a última fase da sua existência,
quando, na perspectiva de uma liberdade solidária e responsável,
seriam antes levados a vivificá-la. Não podemos considerar
que essa liberdade permitiria optar por continuar a viver, apesar de todas
as limitações, dando um sentido e um valor pessoal a esta
última etapa da vida?
- As diversas questões assim postas convidam a um debate aberto,
no qual todos são convidados a participar.
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